quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Apesar da crise, imigrantes não querem voltar, indica pesquisa

Crise reduziu o fluxo de imigrantes econômicos e de remessas de dinheiro Apesar de fortemente afetados pela crise econômica global que atingiu de maneira intensa os países desenvolvidos, a maioria dos imigrantes econômicos abrigados nesses países preferiu permanecer a voltar aos seus locais de origem, segundo indica uma pesquisa preparada com exclusividade para o Serviço Mundial da BBC. O estudo, feito pela organização americana Migration Policy Institute (MPI), também indica que a crise reduziu o fluxo de migrantes em busca de melhores condições pelo mundo. Os dados levantados pela pesquisa mostram ainda que os imigrantes estão entre os grupos mais atingidos pela crise e que as remessas de dinheiro enviadas por eles aos seus países sofreram uma queda na maioria das regiões. Apesar dessa queda nas remessas, esse envio de dinheiro vem ganhando importância relativa para os países que a recebem, já que outras fontes de ingressos de divisas vêm se contraindo. Brasil é exceção Apesar das tendências globais apontadas pela pesquisa, há algumas exceções como o caso do Brasil, como aponta o vice-presidente da MPI e co-autor do estudo, Michael Fix. Imigrantes brasileiros, principalmente nos Estados Unidos e no Japão, estão retornando em grande número ao Brasil, mas apesar disso as remessas de dinheiro ao país vêm aumentando. Para Fix, uma das principais razões para o retorno de um grande número de imigrantes brasileiros ao país é econômica, já que a economia do Brasil vem se saindo relativamente melhor do que a dos países de destino dos imigrantes. “Em estudos anteriores, verificamos que as decisões dos imigrantes sobre retornar ou não aos seus países de origem tinham mais relação com as condições econômicas em seus países natais do que nos seus países de destino”, afirma Fix. Outra questão apontada por ele para justificar o retorno em grande número dos imigrantes brasileiros é o fato de que muitas de suas ocupações nos países de destino foram mais afetadas pela crise econômica global. Esse seria o caso, por exemplo, da construção civil nos Estados Unidos, onde há uma grande concentração de imigrantes brasileiros. Segundo a MPI, 21% dos imigrantes brasileiros nos Estados Unidos estavam empregados na construção civil, em comparação com os 8% dos trabalhadores americanos empregados pelo setor. O fato de um número menor de imigrantes estar enviando uma quantidade maior de dinheiro ao Brasil poderia ser também uma consequência do bom momento da economia brasileira, na avaliação de Fix. “É possível que parte desse dinheiro não esteja sendo usado para a compra de produtos essenciais, mas enviado para aproveitar o melhor clima para investimentos no Brasil”, diz ele. Tendência global O estudo preparado pela MPI para a BBC observa que “não há uma única tendência global que capture a forma como a recessão afetou os fluxos de migração” desde o início da crise econômica global. “Os efeitos têm nuances e são variados, dependendo em grande parte da característica dos fluxos (permanente, temporário, ilegal e humanitário); se eles são para ou a partir de um país de destinação; e a região do mundo envolvida”, observa o documento. Apesar disso, para traçar um panorama da situação global dos imigrantes, o estudo avaliou os principais corredores de migração pelo mundo – do México para os Estados Unidos, do Leste Europeu recém-integrado à União Européia à Grã-Bretanha e à Irlanda, do Leste Europeu e do norte da África para a Espanha, de/para Índia, Bangladesh, Filipinas e Nepal para/de Estados do Golfo Pérsico, e de áreas rurais para cidades na China. De acordo com o estudo, em 2005 havia 195 milhões de imigrantes no mundo, um crescimento de mais de duas vezes e meia desde 1960, quando havia 75 milhões de imigrantes pelo mundo. Pelas estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), há hoje no mundo entre 20 e 30 milhões de imigrantes ilegais, o que representa de 10% a 15% do total de imigrantes no mundo. A maior parcela de imigrantes, tanto legais quanto ilegais, está nos Estados Unidos, um dos países mais afetados pela crise global. Um em cada cinco imigrantes de todo o mundo está no país, que abriga apenas um em cada 20 habitantes do globo. O governo americano estima em 11 milhões o número total de imigrantes ilegais. Para a MPI, muitos dos trabalhadores imigrantes foram mais fortemente atingidos pela crise por uma série de fatores: baixo conhecimento da língua local e baixa instrução; concentração em setores mais afetados por ciclos de expansão e recessão, como a construção civil; o fato de que muitos desses imigrantes têm contratos temporários ou acertos informais; e o aumento da discriminação em tempos de crise. “Os trabalhadores contratados mais recentemente, assim como os trabalhadores de nacionalidades que entraram no mercado de trabalho mais recentemente, também podem não ter as redes sociais e profissionais que podem ajudar a amortecer o impacto da recessão”, afirma o estudo. Segundo a MPI, apesar de os imigrantes representarem um em cada seis trabalhadores nos Estados Unidos, eles representavam, no início da crise, um em cada dois novos trabalhadores nos Estados Unidos e quase sete em cada dez novos trabalhadores na Grã-Bretanha. Remessas Outra questão analisada pelo estudo da MPI para a BBC foi o comportamento das remessas internacionais após o início da crise. A conclusão geral do estudo é de que na maioria dos casos houve uma queda acentuada dessas remessas, mas que outras fontes de divisas para os países de origem dos imigrantes caíram ainda mais no período, aumentando a importância relativa dessas remessas. Segundo o levantamento do estudo, o fluxo global de remessas enviadas por imigrantes deve ter uma queda de 7% neste ano, comparado com uma estimativa de 10% de queda no comércio internacional e de 57% nos investimentos estrangeiros diretos. O estudo observa que entre 2000 e 2006 as remessas cresceram de maneira substancial na América Latina e no Caribe, na Ásia e na Europa, com um crescimento menos vigoroso no Oriente Médio e na África. Esse crescimento desacelerou em 2006 e 2007 na América Latina, principalmente por conta do efeito da crise no setor de construção nos Estados Unidos, e foi praticamente inexistente em 2007 e 2008. Com o alastramento da crise para a Europa e a Rússia, as remessas para a Ásia Central e para o Leste Europeu também estagnaram entre 2007 e 2008. No leste e no sul da Ásia, as remessas continuaram a crescer nesse período, ultrapassando a América Latina e o Caribe como a principal região de destino das remessas. O Brasil é novamente uma exceção nessa tendência mundial. Estimativas do Banco Mundial indicam um aumento de 16% nas remessas ao Brasil entre 2007 e 2008, de US$ 4,4 bilhões para US$ 5,1 bilhões. Como comparação, nesse mesmo período, as remessas ao México tiveram uma queda de 3%, de US$ 27,1 bilhões para US$ 26,3 bilhões. Apesar do aumento das remessas, elas ainda têm uma participação relativamente pequena no PIB brasileiro – 0,3% em comparação aos 2,7% do México, 7% no Equador ou do extremo do Tajiquistão, onde as remessas de imigrantes representam 45,5% do PIB. BBC Brasil, 08/09/09: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/09/090907_pesquisa_imigracao_bbc_rw.shtml?s

Crise aumenta barreira contra estrangeiros, remessas caem, mas imigração ajuda na recuperação dos países

A crise econômica mundial aumentou o coro contra a imigração na maior parte dos países, segundo o RDH (Relatório de Desenvolvimento Humano) 2009, divulgado nesta semana pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Com a alta do desemprego, cresceu a pressão popular e, desde o início da crise, em 2008, diversas nações apertaram o controle na entrada de estrangeiros e têm dado incentivos para que os imigrantes retornem a seus locais de origem. Intitulado Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos, o documento cita algumas “medidas populistas” que têm sido adotadas pelos países desenvolvidos contra os imigrantes. Nos Estados Unidos, o pacote de estímulo a recuperação econômica para empresas previa que elas reduzissem o número de estrangeiros contratados. A Austrália anunciou que pretende reduzir em 14% a admissão de trabalhadores de outras nacionalidades, e no Reino Unido os pedidos de seguro saúde para imigrantes caíram 25% desde o início da recessão. Medidas como essas, na avaliação do PNUD, correm o risco de desrespeitar direitos dos imigrantes e prejudicarão os próprios países desenvolvidos, que voltarão a ter falta de mão-de-obra. “Embora não haja fortes indicações de que este choque [de desemprego] tenha sido causado pelos migrantes, a retórica anti-imigrante tem se atiçado, enquanto os trabalhadores nativos procuram encontrar formas de assegurar os seus postos de trabalho”, afirma o relatório. Apesar da maior rejeição, a migração tende a ser cada vez mais vantajosa para os países ricos, diz o texto: a tendência de envelhecimento da população abrirá espaço no mercado de trabalho. “Estamos entrando num período em que uma maior migração em direção aos países desenvolvidos beneficiará não só os migrantes e as suas famílias, mas será cada vez mais vantajosa para as populações dos países de destino”, aponta. Em 2050, estima o estudo, os países desenvolvidos terão 71 pessoas em idade inativa para cada 100 pessoas em idade de trabalhar. Queda de remessas As restrições aos imigrantes tendem a agravar a situação deles na crise — com reflexos em seus países de origem. O dinheiro enviado pelos migrantes a suas famílias ajudam a combater a pobreza nas nações em desenvolvimento, mas estão diminuindo. “Existem já evidências de declínios significativos de fluxos para países que dependem fortemente das remessas, incluindo Bangladesh, Egito, El Salvador e Filipinas”, afirma o texto. Em El Salvador, as remessas representam 18% do PIB (Produto Interno Bruto), nas Filipinas, 11%, em Bangladesh, 9% e no Egito, 6%. Na Moldávia, onde as remessas representam 45% do PIB, a queda deve chegar a 10% neste ano. Segundo o RDH, o desemprego provocado pela crise deve afetar mais os imigrantes que os nativos, porque os imigrantes frequentemente são trabalhadores menos qualificados e estão empregados em alguns dos setores mais afetados pela crise, como construção civil e os setores financeiro, imobiliário e hoteleiro. Considerando a fragilidade dos imigrantes, o PNUD recomenda que os governos dos principais países de destino adotem medidas de proteção. Entre as propostas estão garantir que imigrantes desempregados possam procurar novas oportunidades no país. Apoiar instituições que ajudem os imigrantes a voltarem para sua terra natal e combater práticas abusivas no mercado de trabalho são outras ações destacadas.
http://www.adn.es/internacional/20091005/NWS-0076-PNUD-Latinoamerica-inmigracion-recomienda-barreras.html Revista Oriundi, 08/10/09:

ONU diz que imigração tem custo zero aos países ricos e defende o fim das barreiras

Os imigrantes aumentam a produtividade econômica dos países que os recebem com custo irrelevante ou inexistente para os cidadãos nativos e são uma forte influência para o desenvolvimento humano dos países de origem. Por isso, os governos devem reduzir drasticamente as barreiras à imigração e adotar medidas para acolher os estrangeiros. É o que defende o Relatório de Desenvolvimento Humano 2009 do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), divulgado nesta segunda-feira (5). Na edição deste ano, o documento tenta derrubar alguns mitos em torno da migração e enfatiza a necessidade de os governos perceberem as vantagens dos trabalhadores vindos de fora, especialmente em um momento de crise econômica e desemprego. "Ao contrário do que normalmente se acredita, os migrantes estimulam a produtividade e dão mais do que aquilo que recebem", afirma a principal autora do estudo, Jeni Klugman. "Muitos migrantes encontram-se duplamente em risco. Sofrem com desemprego, insegurança e marginalização social, e ainda assim são apontados como o cerne do problema. Não é o momento para políticas protecionistas e anti-imigração, mas para reformas. Convencer as populações disso requer coragem", explica. Segundo o relatório, a controvérsia provocada pela entrada de trabalhadores migrantes com poucas qualificações são "desmensuradas". Para aqueles que acreditam que os estrangeiros "roubam" o emprego de nativos, são responsáveis pela redução dos níveis salariais e pela criminalidade, além de sobrecarregarem os serviços públicos, o Pnud ressalta que as investigações mostram que "estes efeitos são geralmente pouco significativos e podem, em alguns contextos, ser totalmente inexistentes". "Por outro lado, os efeitos positivos chegam a ser muito abrangentes. Por exemplo, quando a disponibilidade dos migrantes para a prestação de serviços de cuidados infantis permite que as mães trabalhem fora de casa", destaca a ONU.O relatório aponta ainda que as remessas enviadas pelos imigrantes aos familiares nos países de origem provocam impactos positivos nas nações em desenvolvimento. Com rendimentos maiores, as pessoas consomem mais, conseguem ter melhor educação e condições de saúde e acabam tendo um aumento nos níveis cultural e social, além de se abrirem para novos comportamentos vindos de fora. Esse movimento na economia leva ainda à criação de mais empregos. "Para dar um exemplo significativo, note-se como esta abertura pode levar a que se permita que as mulheres se libertem dos seus papéis tradicionais", aponta o texto. Movimentos internos Os dados do Pnud revelam ainda que a esmagadora maioria das pessoas se desloca dentro de seu próprio país. Ou seja, de 1 bilhão de migrantes por ano no mundo, cerca de 740 milhões são migrantes internos, número quase quatro vezes maior do que o daqueles que cruzam fronteiras internacionais (200 milhões). Além disso, apenas um terço dos migrantes saiu de países em desenvolvimento em direção a países ricos, menos de 70 milhões de pessoas - 7% do total. As pessoas de países pobres são as que menos se mudam. O número de africanos que se mudou para a Europa, por exemplo, é inferior a 1% dos imigrantes. As populações de países com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) baixo, no entanto, são as que mais podem ser beneficiadas com a mudança. Nesses países, a taxa de escolarização, por exemplo, salta de 47% no país de origem para 95% no país de destino. O Pnud defende que a migração pode melhorar bastante os rendimentos, a perspectiva de vida para os filhos e os níveis de educação, assistência médica e participação social. E, apesar das dificuldades para se reajustar e da marginalização, a maioria das pessoas que decide abandonar tudo para morar em outro país afirma se sentir feliz. Segundo as pesquisas citadas pelo relatório, os migrantes dos países mais pobres que se mudaram para países desenvolvidos viram os seus rendimentos aumentar, em média, 15 vezes e seu nível de escolarização dobrar. Já a mortalidade infantil diminuiu 16 vezes. Há ainda evidências de que famílias que migram têm menos filhos e uma saúde consideravelmente melhor. Novas políticas O relatório ressalta também que, apesar dos benefícios que trazem, os imigrantes enfrentam desvantagens sistemáticas que dificultam o acesso aos serviços da mesma maneira que os nativos, especialmente os trabalhadores temporários e os em situação irregular. Em alguns países, eles conseguem alcançar postos mais bem remunerados e apesar de realizarem o mesmo trabalho e pagarem os mesmos impostos que os nativos, não têm acesso a serviços básicos e correm o risco de serem deportados.Por isso, o documento deste ano apela para que os países adotem novas políticas e propõe medidas como ensino da língua, acesso a serviços básicos, direitos dos trabalhadores, fim da xenofobia, redução das despesas para a migração e simplificação dos procedimentos de entrada.
http://noticias.uol.com.br/ultnot/internacional/2009/10/05/ult1859u1595.jhtm

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Aumenta o número de refugiados no mundo

Um relatório da ONU divulgado nesta terça-feira, 16, diz que crises no Paquistão e no Sri Lanka são responsáveis pela inversão da tendência de queda. A ONU informou que o número de refugiados em todo o mundo era de 42 milhões no final do ano passado, cerca de 700 mil a menos do que em 2007. Destes, 16 milhões estão fora dos seus países, enquanto 26 milhões permanecem como refugiados em seus países de origem. Quase 6 milhões de refugiados vivem sem qualquer perspectiva de solução imediata para os seus problemas. Ainda segundo as Nações Unidas, as crises atuais no Paquistão e no Sri Lanka já elevaram o total deles para mais de 44 milhões.
ONU, refugiados 17/06/2009 Loading ...

Número de refugiados atinge recorde, diz ONU

Número subiu para 37,4 milhões; Colômbia é o país com mais refugiados internos. O número de refugiados cresceu pelo segundo ano consecutivo e bateu um recorde em 2007, revertendo uma tendência de queda que vinha sendo observada por cinco anos até 2005, revela um relatório das Nações Unidas divulgado nesta terça-feira. Em 2007, o número de refugiados totalizou 37,4 milhões, dos quais 11,4 milhões estariam fora de seus países e 26 milhões seriam refugiados internos, afirmou o levantamento anual da agência das ONU para os refugiados (Acnur), com estatísticas de mais de 150 países. O documento ressalta que o número de refugiados aumentou de 9,9 milhões para 11,4 milhões entre 2006 e 2007, enquanto o número de refugiados internos cresceu em 1,6 milhão no mesmo período. Segundo a agência, o cenário atual apresenta uma série de fatores que contribuíram para o aumento no número de refugiados e podem causar ainda mais deslocamentos forçados. "Enfrentamos uma combinação global de desafios que ameaçam causar ainda mais deslocamentos no futuro", afirmou em Londres o comissário da Acnur, António Guterres, no lançamento das comemorações do Dia do Refugiado, celebrado em 20 de junho. "[Os desafios] são diversos: emergências relacionadas a novos conflitos em algumas áreas, má governança, degradação ambiental relacionada ao clima que provoca um aumento na competição por recursos escassos e o aumento dos preços, que atingiu os mais pobres de maneira mais forte e que está gerando instabilidade em diversos locais", disse Guterres. Nacionalidades O relatório aponta que afegãos e iraquianos representam mais da metade dos refugiados em 2007. De acordo com o relatório, a situação no Iraque é uma das principais causas do aumento no número de refugiados observado pela agência. O Afeganistão aparece, pelo segundo ano consecutivo, como o principal país de origem dos refugiados - cerca de 3 milhões, abrigados, principalmente no Paquistão e no Irã. Os colombianos são a terceira nacionalidade com o maior número de refugiados, com cerca de 552 mil buscando refúgio fora do país. No entanto, o país tem cerca de 3 milhões de refugiados internos e figura em primeiro lugar nesta categoria, de acordo com o relatório divulgado pela ONU. O Paquistão, por sua vez, continua sendo o principal destino dos refugiados, seguido da Síria, Irã, Alemanha e Jordânia. Asilo O levantamento da Acnur revela ainda um aumento de 5% no número de pedidos de asilo submetidos aos governos e escritórios da agência em 154 países no ano passado. De acordo com o relatório, aproximadamente 647 mil pedidos de asilo foram registrados e o total representou o primeiro aumento em quatro anos. Segundo o documento, esse crescimento se deve principalmente ao grande número de iraquianos pedindo asilo em países europeus. Depois dos iraquianos, que submeteram cerca de 52 mil pedidos de asilo, o segundo país com maior número de pedidos foi a Somália, com 46 mil, Eritréia, com 36 mil e Colômbia, que registrou 23,2 mil pedidos. O relatório ressalta ainda a preocupação com o alto índice de reconhecimento do direito de asilo em diversos países, mas destaca que a maioria dos refugiados se desloca para sua própria região e não para países industrializados. Progresso Apesar do aumento no número de refugiados, o relatório anual aponta que houve progresso em algumas áreas de atuação da agência da ONU. "O objetivo da Acnur é encontrar soluções duradouras para os refugiados. Essas soluções incluem repatriação voluntária, integração nos países de asilo primário ou restabelecimento em um terceiro país", disse Guterres. Segundo o documento, 731 mil refugiados voltaram para casa com o auxílio dos programas de repatriação voluntária em 2007, incluindo 374 mil afegãos. Além disso, um número estimado de 2 milhões de refugiados internos também retornou para seu local de origem no mesmo ano. Outro progresso citado pelo relatório é a redução em 3 milhões no número de pessoas consideradas sem cidadania. De acordo com o documento, isso se deve principalmente à nova legislação no Nepal, que reconheceu cidadania para cerca de 2,6 milhões de pessoas em 2007.
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL603777-5602,00-NUMERO+DE+REFUGIADOS+ATINGE+RECORDE+DIZ+ONU.html 17/06/08 - 08h10 - Atualizado em 17/06/08

domingo, 25 de outubro de 2009

A Juventude

Para a Pastoral da Igreja, este domingo é o Dia Nacional da Juventude. Ao menos esta é a intenção, traduzida em diversas iniciativas pelo Brasil a fora, tentando reunir os jovens para celebrarem sua vida e refletirem sobre seus desafios. A Diocese de Jales promove um encontro especial com os jovens das comunidades, no amplo salão da Paróquia Santo Antonio. Será aberto com a celebração da missa, animada pelos próprios jovens, prosseguindo com apresentações preparadas por eles. Quanto aos jovens, com certeza, a maioria deles nem tomou conhecimento da iniciativa, nem sabe que existe um dia nacional da juventude. Tal a crise de identidade que os jovens vivem hoje, que pouco lhes interessa saber se a sociedade está preocupada com eles, e lhes dedica um dia especial. Não é fácil entender o que se passa hoje com a juventude. Nem é fácil lidar com os jovens. Que o digam os pais, que olham perplexos para seus filhos, e estranham a grande diferença de gerações. Que o diga a escola, que se arrepia com os problemas trazidos pelos alunos, e se vê incapaz de oferecer soluções. Que o diga a Igreja, que perdeu o contato com os jovens, e não sabe mais como reatar o diálogo com eles. Também pudera. Todos estamos de acordo em que vivemos uma época de mudanças alucinantes, a ponto de identificá-la não só como "uma época de mudanças, mas uma mudança de época", como reconheceu recentemente a Conferência de Aparecida. Pois bem, as mudanças incidem mais diretamente sobre os jovens. Eles estão ao desabrigo de refúgios protetores, que amaciam o impacto das rápidas transformações culturais em curso em nossos dias. Além do mais, os jovens são alvos escolhidos de quem se aproveita da situação para faturar em cima da fraqueza humana. Os jovens se tornam alvo de manobras perniciosas, que tem sua tradução mais cruel e mais danosa na rápida disseminação da droga, que vitima tantas vidas no auge de sua pujança. O mundo da droga, isto é, o complexo sistema de produção e comercialização de entorpecentes, sacrificando vidas sem nenhum escrúpulo para conseguir seus vis intentos financeiros, se constitui na maior praga que contamina hoje a humanidade, e que faz dos jovens suas vítimas preferidas. Os grandes traficantes de drogas merecem nosso repúdio e nossa indignação, junto com a atenta atuação para, o quanto possível, frustrar seus macabros intentos. Eles se escudam atrás de intermediários, que ficam expostos à repressão policial, enquanto eles podem, tranquilamente, posar de beneméritos fariseus da falsa decência, com a cara de pau de se mostrarem cidadãos ilibados e beneméritos. Em seu desamparo, e na sua ânsia compreensível de se lançarem nas aventuras da vida, os jovens foram passando por diversas situações, de onde saíram chamuscados e marcados na sua identidade. Primeiro foi o cinema, com seus encantos iniciais, que logo terminaram. Depois veio a televisão, que num primeiro momento absorveu a juventude, tolhendo seu espaço de convívio com a família e com a sociedade. Depois os jovens tomaram o rumo das ruas, ficando mais expostos às ciladas traiçoeiras dos falsos valores, da bebida, da droga e da banalidade. Agora são atraídos pela internet, abrindo para eles um inesperado mundo virtual de sonhos que podem persistir por mais tempo, mas não deixam de ser ilusões irrealizáveis. Pois bem, este o mundo da juventude. Diante dele, não é o caso de desanimar. Pois apesar de tudo, os jovens conservam o desejo da vida, e a sede de valores autênticos. O melhor é desafiá-los, para que eles mesmos se tornem protagonistas de sua realização. É o que a Diocese espera fazer no encontro deste domingo. Desafiar os jovens a assumirem sua missão. E confiar a eles o futuro da diocese, que está celebrando seu jubileu de ouro. Para que daqui a 50 anos sejam eles a testemunharem suas vitórias e suas conquistas. * Bispo de Jales (SP) e Presidente da Cáritas Brasileira.
23.10.09 – BRASIL Dom Demétrio Valentini * http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=42267

Pedidos de refúgio crescem 10% em países industrializados

Um total de 185 mil pedidos de asilo foram apresentados durante os seis primeiros meses deste ano em 38 países industrializados europeus, Estados Unidos, Canadá, Japão, Austrália, Nova Zelândia e na República da Coreia. O número representa um incremento de 10% com relação ao mesmo período do ano passado, segundo o informe "Níveis e Tendências de Asilo nos Países industrializados, primeiro semestre de 2009". O documento foi publicado ontem (21) pela Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). A Europa recebeu 75% dos pedidos de asilo, embora os Estados Unidos permaneça sendo o maior receptor em nível individual, com aproximadamente 13% de todos os pedidos apresentados nos países industrializados (23.700). A França é o segundo destino, com 10% de todos os pedidos (19.400), seguido do Canadá (18.700), Reino Unido (17.700) e Alemanha, em quinto lugar (12 mil). Pelo quarto ano consecutivo, o Iraque segue sendo o principal país de origem dos solicitantes de asilo (13.200 pedidos). Afegãos (12.200) e somalis (11 mil) são, respectivamente, o segundo e o terceiro maiores grupos, à medida que as condições de segurança seguem se deteriorando em amplas zonas de seus países de origem. Em seguida, vem a China, Sérvia (incluindo Kosovo), a Federação Russa, Nigéria, México, Zimbábue, Paquistão e Sri Lanka. A maioria dos pedidos de iraquianos, por exemplo, se apresentaram na Alemanha, Holanda, Suécia e Turquia. As solicitações procedentes de afegãos foram feitas, principalmente, no Reino Unido e na Noruega, enquanto que os somalis solicitaram asilo, principalmente, na Holanda, Suécia e Itália. Na avaliação da Acnur, as mudanças na política podem estar afetando as tendências de asilo. O informe cita o brusco descenso de iraquianos na Suécia, após a resolução do Tribunal de Apelações de Migração, segundo a qual no Iraque não existia uma situação de "conflito armado". A decisão pode ter dirigido os pedidos de iraquianos para outros países, como Alemanha, Finlândia ou Noruega. Para a Acnur, no segundo semestre poderá se observar um maior incremento no número de pedidos de refúgio nos países industrializados.
O informe pode ser consultado na íntegra e em inglês em: http://www.unhcr.org/4adebca49.html 23.10.09 - MUNDO As informações são da Acnur

Remesas caen 18% en México

En el segundo trimestre de este año las remesas bajaron 18% según el Banco Central de México. El señor Nava solía cantar rancheras en los bares de Michoacán, hasta que un día decidió irse a probar suerte -guitarra en mano- a la ciudad de Arizona, en Estados Unidos. Las cosas iban bastante bien. Siempre había trabajo en restaurantes, eventos de paisanos y hasta en los cementerios, donde a muchos mexicanos les gusta que les canten canciones de su tierra para recordar a los que ya se han ido y pasar las penas. Pero en el último año la crisis económica y algunos problemas de salud le han hecho la vida más difícil. "Mi padre nos mandaba remesas cada quince o veinte días, pero ahorita el trabajo ha estado flojo", cuenta Ivon, una de sus siete hijas. Dos de sus hermanos también se fueron a Estados Unidos. Uno está sin trabajo y el otro apenas consigue empleo por temporada. Ellos ni mandan dinero a su familia, ni tienen cómo arreglárselas, pero lo cierto es que prefieren quedarse al otro lado de la frontera porque en México no ven oportunidades laborales. Esta historia se repite en muchas familias que han visto disminuidos los ingresos que sus parientes les enviaban desde el exterior. Tanto es así, que en el segundo trimestre de este año las remesas bajaron 18%, una de las caídas históricas más fuertes en la historia del país, según los datos difundidos este miércoles por el banco central de México. Retroceso Record Los envíos de dinero en el período abril-junio disminuyeron a US$5.603 millones, un retroceso récord que está afectando especialmente a estados como Tabasco, Campeche, Chiapas, Hidalgo y Veracruz. Hay municipios donde el 95% de las familias vive exclusivamente de las remesas Alejandra Contreras, Oficina del Migrante del gobierno del estado de Michoacán. "Hay municipios donde el 95% de las familias vive exclusivamente de las remesas" le dijo a BBC Mundo Alejandra Contreras, de la Oficina del Migrante, del gobierno del estado de Michoacán. No es fácil el trabajo que realiza Contreras en las comunidades porque muchas veces a la gente le da miedo revelar información sobre sus ingresos. A veces piensan que se trata de un control migratorio y prefieren guardar silencio. Sin embargo, hay indicadores indiscutibles sobre la caída de las remesas. "Fuimos a los negocios para ver cómo han bajado las ventas. Las carnicerías venden cada vez menos productos y las madres nos cuentan que ahora le dan leche a sus hijos tres veces a la semana porque no alcanza para todos lo días", dice la funcionaria estatal. "Antes las mujeres recibían US$300 al mes y ahora están recibiendo 100, 50 o a veces nada". Y es que la crisis económica en Estados unidos ha elevado el nivel de desempleo de los migrantes mexicanos y ha disminuido el pago por hora de trabajo. Destino Nueva York Hablamos con el sacerdote Marcos Linares, director de la Asociación Michoacana de Empresa Social, justo cuando estaba haciendo las maletas para irse en un viaje de trabajo a Nueva York. Va precisamente a convencer a los migrantes mexicanos a que inviertan en su país en proyectos productivos que generen empleo. "Paisano invierte en tu tierra" y el famoso "Tres por uno" (donde el gobierno federal, estatal y municipal invierten un dólar por cada dólar que pone un mexicano en el extranjero) son algunas de las iniciativas que autoridades y organizaciones sociales están promoviendo para paliar los efectos de la crisis. Lo que queremos es que la gente no solo mande dinero, sino que esos recursos se usen en actividades productivas Padre Marcos Linares "Lo que queremos es que la gente no solo mande dinero, sino que esos recursos se usen en actividades productivas", le dijo a BBC Mundo el padre Linares, desde la ciudad de Morelia. Y en eso ha estado trabajando en los últimos años. Junto a las comunidades más pobres de Michoacán han logrado sacar adelante un invernadero de tomates para exportar a Estados Unidos, un proyecto que ya ha generado 100 empleos. El paso siguiente será exportar pepinos y ese es precisamente uno de los objetivos del viaje a EE.UU. "La caída de las remesas ha afectado mucho a esta zona, por eso las familias están buscando alternativas a la miseria", dice Linares. Además de la disminución de los envíos, el banco central estimó que la economía del país puede sufrir una caída de hasta 7,5% este año, lo que provocaría una pérdida de 735.000 empleos formales.
BBC Mundo, 30/07/09: http://www.bbc.co.uk/mundo/economia/2009/07/090729_2225_mexico_caen_remesas jrg.shtml?s

Quase 60% dos negros africanos de Moscou já foram agredidos, diz estudo

Quase 60% dos negros africanos vivendo na capital russa, Moscou, já foram fisicamente agredidos, de acordo com um novo estudo. Um quarto das cerca de 200 pessoas entrevistadas disseram que foram atacadas mais do que uma vez e cerca de 80% delas afirmaram ter sofrido abusos verbais. Apesar de alarmantes, os dados indicam uma redução no número de ataques em relação a um levantamento semelhante feito em 2002. O novo estudo foi feito por uma congregação cristã que atua junto à comunidade de estrangeiros de Moscou desde 1962. Escalpo Acredita-se que cerca de 10 mil africanos vivam legalmente em Moscou, mas o número de imigrantes ilegais seria maior. O estudo afirma que os africanos vivem praticamente sitiados em Moscou. Vários dos entrevistados disseram que evitam usar o metrô ou locais públicos, e muitos outros afirmaram que não saem de casa em dias de feriados nacionais ou quando ocorrem jogos de futebol. O levantamento revela que alguns dos ataques são premeditados e extremamente violentos. Um imigrante nigeriano afirmou ter sido repetidamente esfaqueado nas costas e então atingido por uma bala. Outro diz que o homem que o atacou tentou arrancar seu escalpo.
BBC Brasil,

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Movimento quer tipificar tráfico de órgãos como crime de tráfico de pessoas

No próximo dia 20 será realizada na Assembléia Legislativa do estado de São Paulo, uma Audiência Pública que abordará a problemática: ‘O tráfico de órgãos e a defesa da vida’. O evento será promovido pela Comissão de Direitos Humanos da entidade e tem o apoio do Movimento Nacional de Combate ao Tráfico de Órgãos Humanos. A audiência aprofundará a questão através das seguintes temáticas: "Direitos humanos e a dignidade da pessoa humana", "A violência, desvalorização da vida e a banalização do corpo humanos", "Tráfico de seres humanos e a realidade Nacional e Internacional", "Caracterização de retirada ilegal de órgãos humanos", "As leis brasileiras e as brechas que dão margem a esse crime" e "As leis de transplante de órgãos". O objetivo é esclarecer a realidade desta prática e buscar sensibilizar o governo no sentido de classificar a atividade como crime relativo ao tráfico de seres humanos, estabelecendo tipificação, definição e caracterização do tráfico de órgãos humanos. Atualmente, os casos de retirada ilegal de órgãos são tratados como crimes comuns. No Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico, do governo federal, já são tipificados os tráficos de seres humanos nas modalidades de exploração sexual e trabalho escravo. De acordo com a Irmã Maria Elilda, coordenadora do Movimento Nacional de Combate ao Trafico de Órgãos Humanos, falta no Brasil a criação de uma lei específica relativa a esse tráfico. "É necessário criar uma delegacia especializada no combate a este crime", ressalta. A falta de tratamento específico faz com que não se tenham estatísticas que relatem a dimensão do crime. Segundo Elilda, é difícil o Brasil ter números relativos a esta modalidade de tráfico, já que o país não trata esse crime com a seriedade necessária. Para ela, as autoridades brasileiras demonstram certa resistência em tratar dessa questão. "O que me deixa preocupada, realmente, é a situação política do Brasil, a indiferença com que esse crime tão bárbaro vem sendo tratado", desabafa e completa: "Infelizmente ainda não se tem consciência sobre a seriedade deste crime". Elilda preocupa-se também com a situação das vítimas que não recebem nenhum apoio por parte do governo. "Eu falo isso com conhecimento de causa", afirma. A falta de legislação e de delegacia especializada deixa as vítimas sem terem a quem recorrer. Ela ressalta que o tráfico de órgãos humanos não pode ser tratado de maneira isolada por apenas um país, sendo preciso articular uma rede de enfrentamento internacional. Tráfico de órgãos O tráfico de órgãos é uma atividade presente em diversos países do mundo que mobiliza redes de crime organizado. As principais vítimas são pessoas jovens que têm seus órgãos roubados e vendidos para pacientes que necessitam de transplantes. Geralmente as vítimas são pegas em armadilhas e levadas a uma clínica clandestina onde é feita a intervenção para retirada do órgão desejado. De acordo com Irmã Elilda, é assustador o índice de desaparecimento de jovens e o aumento do número de corpos mutilados, com precisão, para retirada de órgãos. Ela esclarece que os órgãos humanos não são roubados apenas com fins de transplantes, mas também, para fins de pesquisas. Segundo ela, existe urgência em tratar da questão com seriedade, mobilizando governo e sociedade.
16.10.09 – BRASIL http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=42024

Dia de combate ao tráfico humano na Europa intensifica debates sobre o crime

No último sábado (17) foi comemorado na Europa o Dia Europeu de Luta contra o Tráfico de Seres Humanos. A data intensificou o debate em torno do crime. Segundo dados da Agência das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNODC), o número de vítimas identificadas na Europa é cerca de 30 vezes inferior ao número real estimado, com 270 mil pessoas afetadas pelo tráfico. De acordo com a UNODC, o tráfico de seres humanos vitima entre 800 mil e 2,4 milhões de pessoas por ano. A prática ilícita e cruel está presente em quase todos os países do mundo, já que as nações servem de locais de origem, trânsito ou destino. As principais vítimas, mulheres e crianças, são exploradas sexualmente, em sua grande maioria. As mulheres identificadas são, na maioria das vezes, originárias da América do Sul, sozinhas, com idade média de 35 anos. Elas são vítimas da exploração sexual em condições de escravidão. Os homens representam a minoria na mira do tráfico e são utilizados para exploração laboral. Homens, mulheres ou crianças nas mãos dos traficantes percorrem um circuito no qual podem ser vendidos e revendidos em diversos países. A organização criminosa negocia os seres humanos como objetos. Considerado a terceira atividade de comércio ilegal mais lucrativa do mundo, o tráfico de pessoas movimenta cerca de 27 bilhões de euros por ano, segundo informação da organização ‘Juntos contra o tráfico de seres humanos’. "Talvez a polícia não encontre mais traficantes e vítimas porque não procura", afirmou o diretor-executivo da agência, António Maria Costa, em comunicado. Para a instituição, o tráfico de pessoas na Europa está pouco combatido. Em Portugal, um sistema de monitoramento do tráfico funciona desde o ano passado. O equipamento sinaliza, atualmente, 150 casos suspeitos. Vinte casos de tráfico de mulheres já foram confirmados. O tráfico de seres humanos é definido pela Convenção do Conselho da Europa e pelo Protocolo de Palermo adicionado à Convenção das Nações Unidas contra a Criminalidade Transnacional Organizada, como recrutamento, transporte facilitado, engano, ameaças, fraude e uso de poder sobre a vítima, com finalidade de exploração. O crime inclui "a exploração da prostituição ou outras formas de exploração sexual, trabalho ou serviços forçados, escravidão ou práticas análogas à escravidão, servidão ou extração de órgãos". Documentário retrata tráfico de órgãos O documentário "H.O.T." (Human Organ Traffic) que retrata a prática do tráfico de órgãos no Brasil e em outros países, estreou neste fim de semana na quarta edição do Festival Internacional de Cinema de Roma. O Festival começou na última quinta-feira (15) e será encerrado na próxima sexta-feira (23). Com uma hora de duração, o vídeo, dirigido por Roberto Orazi, foi promovido pela Universidade de Berkeley que se dedica ao estudo do tema no Brasil, Índia, Nepal, África do Sul, China e Turquia. O jornalista Alessandro Gilioli, que fez diversas reportagens sobre o assunto na imprensa italiana, montou o roteiro. Para fazer o filme, a produção utilizou câmeras ocultas e falsos compradores de órgãos, numa denúncia que mostra a atividade dos traficantes, a cumplicidade de médicos cirurgiões, governos, máfias internacionais, agências de turismo e bancos especializados em lavagem de dinheiro. As locações do vídeo foram favelas de Recife, capital de Pernambuco, no Nordeste brasileiro. Não é a primeira vez que um filme retrata o tráfico de órgãos no Brasil. Em 2006, a ficção "Turistas" mostrou a história de jovens estrangeiros que, ao passar férias no litoral brasileiro, foram raptados, assassinados e tiveram seus órgãos roubados.
http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=42087 19.10.09 - BRASIL

Em São Paulo, estrangeiros enfrentam doenças, transtornos mentais e drogas

A cada noite, quando a troca de guarda era feita em uma penitenciária de Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, a enfermeira T. D, de 25 anos, sabia o que estava prestes a começar. Foram dez meses de prisão e sucessivos estupros que resultaram em problemas mentais, uma gestação não desejada e um aborto dentro da própria cela. T.D., foi presa por trabalhar no escritório político de um deputado cassado pelo governo local. Internada em uma ala para presidiários num hospital de Kinshasa, escapou graças a ajuda de uma faxineira que de tempos em tempos entrava em seu quarto. Hoje, dois meses após chegar ao Brasil, ela é uma entre os 85 estrangeiros atendidos na Unidade Básica de Saúde (UBS) da Sé, no Centro de São Paulo, entre junho de 2008 e setembro de 2009. Em meio a outros congoleses, nigerianos, senegaleses, sulafricanos, peruanos e bolivianos, recebe do Sistema Único de Saúde (SUS), o mesmo tratamento dispensado a qualquer brasileiro. Eles se concentram na região central da cidade, e entre os problemas mais recorrentes estão a hipertensão, diabetes, tuberculose e doenças mentais. A secretaria registra também o atendimento psicossocial de imigrante viciados na região da Cracolândia. Na UBS da Luz, 16 imigrantes foram atendidos entre julho e setembro deste ano. "Não é um número grande, mas eles existem e fazemos uma abordagem especial nesses casos", diz a coordenadora de saúde da região centro-oeste, Márcia Gadargi. "Lá, se você não tem dinheiro para ser atendido vai morrer", conta a enfermeira que não fala português e não teria acesso ao sistema de saúde brasileiro se não fosse o trabalho de outro congolês. A.K, de 35 anos, é um dos sete agentes comunitários de saúde em São Paulo responsáveis pelo atendimento de imigrantes estrangeiros que chegam principalmente à Casa do Migrante, na região central da cidade. "São pessoas que têm dificuldade em relação ao nosso idioma e ficam receosas com qualquer aproximação", diz Márcia. "Normalmente eles associam a situação de ilegalidade com o temor da polícia." O trabalho dos agentes comunitários faz parte da Estratégia de Saúde da Família (ESF) e A.K. foi um dos escolhidos para fazer parte do programa por falar português com fluência, após dois anos de adaptação no país. Extrovertido, A.K. nem sempre trabalhou na área de saúde. Formado em engenharia elétrica, ainda procura uma forma de continuar seus estudos no Brasil. Nada parece ser problema para ele, a não ser falar sobre os motivos que o trouxeram para o Brasil. À pergunta do G1, segue um sorriso nervoso e a resposta: "Vamos falar de outra coisa", diz. "Podemos falar de qualquer assunto sobre o Brasil." Aos poucos, porém, revela ter deixado mulher e dois filhos do outro lado do Atlântico e um passado de atividades políticas que o levaram à prisão. Prefere dizer apenas que as lembranças lhe causam "problemas sérios até hoje." Condições de trabalho. Assim como ele, a advogada H. U., de 36 anos, espera receber a condição de refugiada política. Antes de ser presa, no entanto, conseguiu embarcar para a Europa e de lá para o Brasil. Entende pouco do português e mesmo se entendesse mais, pouco falaria. Sua família se espalhou por países da África e da Europa após o exercíto congolês invadir sua casa e prender seus irmãos. A.K conta que quando ela chegou ao Brasil, há pouco mais de uma ano "estava louca", diz. "As doenças mentais são resultado não só das experiências de vida dessas pessoas , mas também das condições de trabalho a que estão expostas hoje", diz Márcia. Os resultados da Unidade Básica de Saúde do Brás tornam a afirmação da coordenadora de saúde mais clara. Dos 49 casos de tuberculose registrados neste ano no local, 36 são de pacientes bolivianos. Entre todos os atendimentos do local, 50% são de bolivianos. "Muitas famílias costumam morar no mesmo apartamento e trabalham principalmente em oficinas de costura com portas e janelas fechadas", explica a diretora da UBS do Brás, Célia Coelho Ribeiro. Todos os dias os agentes comunitários de saúde da UBS do Brás percorrem as oficinas de costura do bairro em busca de casos. Sempre que um caso positivo é detectado em um desses lugares, todos os outros funcionários são examinados. Normalmente, os testes costumam comprovar a precariedade das condições de trabalho, com novas confirmações da doença, explica Célia. Na terça-feira, quando a reportagem do G1 esteve na UBS do Brás, a agente comunitária de Saúde Rosana Bastista, voltava de uma dessas visitas. "Fui a um galpão em que um pessoa está doente e outras 30 estão com sintomas", diz. Tratamento é atração para o país. Uma das formas de atrair os imigrantes para o Brasil, diz a diretora, é a própria oferta de tratamento médico gratuito. "Os ‘coiotes’ que fazem esse trabalho de trazer os imigrantes para cá costumam atraí-los mostrando que terão não só trabalho, mas também tratamento gratuito para a tuberculose e pré-natal", afirma Célia. Essa foi uma das promessas que Maritza Calcina Jove, de 26 anos, ouviu antes de deixar La Paz e vir para São Paulo, em 2003. Seus dois filhos nasceram em território brasileiro e o terceiro está a caminho. "O atendimento na Bolívia não é caro, mas é demorado e difícil de conseguir", afirma. Márcia Gadargi explica que por ter acesso irrestrito, o sistema de saúde brasileiro, um dos maiores do mundo, não faz distinção entre os pacientes. "Quando eles chegam nosso primeiro olhar é em relação à saúde. Depois são encaminhados para os assistentes sociais", afirma. "Todos são atendidos como se fossem brasileiros."
http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL1327198-5605,00.html Lista Estrangeiros no Brasil, 02/10/09: http://br.groups.yahoo.com/group/estrangeiros_ANEIB/message/3137

Arquidiocese do Rio terá imóvel para abrigar refugiados

A Secretária de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, Benedita da Silva, e o Arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, assinam, nesta quarta-feira, na sede da Arquidiocese do Rio, um comodato entre o Governo do Estado e a Arquidiocese do Rio para uso do imóvel da Rua São Francisco Xavier, 483, onde é feita a assistência a refugiados pela Cáritas Arquidiocesana do Rio. A assinatura do comodato terá a presença de membros do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e refugiados de vários países, entre os quais Angola, República Democrática do Congo e Libéria. A Arquidiocese do Rio de Janeiro iniciou, em abril de 1976, um trabalho de atendimento a refugiados, inicialmente dirigido a argentinos, uruguaios e chilenos, que fugiam das ditaduras nos seus países. O objetivo primeiro do trabalho da Cáritas é garantir aos solicitantes de refugio o direito de aplicar pelos meios legais o pedido para serem reconhecidos como refugiados e concedida a condição poder ficar no Brasil, isto é, não serem devolvidos aos seus países de origem. O trabalho da Cáritas só é possível pela parceria entre o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados –ACNUR – o Governo em todos os seus níveis e a sociedade civil. No Brasil vivem mais de 4 mil refugiados reconhecidos oficialmente – mais que o dobro do total contabilizado na década passada. São pessoas que vieram de 72 diferentes países, sendo que a grande maioria (em torno de 60%) fugiu de conflitos em países africanos, com destaque para Angola, República Democrática do Congo e Libéria.

Brasileiro apóia restrições a imigração

Levantamento destacado no Relatório de Desenvolvimento Humano diz que só 9% são a favor de liberar entrada de estrangeiros no país Apesar de ser formada em boa parte por descendentes de estrangeiros —africanos, portugueses, italianos, espanhóis e japoneses, principalmente —, a população brasileira tende a defender restrições à imigração, mostra uma pesquisa destacada no RDH (Relatório de Desenvolvimento Humano) de 2009, do PNUD. O levantamento aponta que 43% dos brasileiros são a favor de limitar ou proibir a imigração. Outros 45% dizem que o Brasil deve “permitir que as pessoas cheguem desde que haja empregos disponíveis”. Apenas 9% acreditam que se deve permitir a entrada de qualquer pessoa que deseje imigrar ao país — posição mais próxima da defendida pelo PNUD no relatório, que defende que poder decidir onde viver é uma liberdade crucial e que a entrada de estrangeiros geralmente aumenta o emprego e as taxas de investimento. A posição dos brasileiros é parecida com a de outros países da América Latina — como Argentina e México, em que o apoio a regras restritivas é de cerca de 39% — e também de nações européias como Espanha (cuja política de controle de migração já causou conflito com o governo brasileiro) e Itália. A imigração é rejeitada por 43% dos espanhóis e 42% dos italianos. Esse sentimento dos brasileiros vai ao encontro da evolução das políticas do governo sobre imigração. O relatório do PNUD destaca que no Brasil e em outros países da América do Sul, como a Argentina, a chegada de imigrantes foi muito mais intensa até antes da Primeira Guerra Mundial. O Brasil, que no século 19 estimulava a imigração entregando terras aos estrangeiros, passou a retirar esses benefícios. No pós-guerra, o crescimento econômico na Europa fez cessar o fluxo dos que vinham ao Brasil. “Na Argentina e no Brasil, a diminuição no número de pessoas nascidas no exterior deveu-se a uma diminuição no número daqueles que provêm dos países mais pobres da Europa, uma vez que esses mesmos países experimentaram um enorme crescimento no pós-guerra, ao passo que uma grande parte da América Latina estagnou”, diz o texto. A partir dos anos 60, a migração passou a ser dos países em desenvolvimento para os países desenvolvidos. Em 1960, o Brasil tinha cerca de 2% de sua população formada por estrangeiros, a maioria de países desenvolvidos. Em 2000, essa taxa já seria pelo menos 2 terços menor. O RDH afirma que, com exceção dos países do Golfo Pérsico, na maior parte do mundo os fluxos de imigração estão estabilizados. “No resto do mundo, contudo, a fração de pessoas nascidas no estrangeiro tem-se revelado estável ou em queda. Estas reduções são mais significativas na América Latina e Caribe, onde a migração internacional diminuiu para menos de metade”, aponta. Migração interna Se a presença de imigrantes estrangeiros tem diminuído no Brasil, a migração interna, de um Estado para outro, é destacada pelo RDH. O estudo aponta que a migração estimula o combate à desigualdade de renda. “Os estudos têm associado uma maior mobilidade de trabalho interna com a redução de disparidades de rendimento inter-regionais no Brasil, na Índia, na Indonésia e no México”, afirma. “Isto porque, com o aumento da mobilidade entre as duas regiões, os seus mercados de trabalho tornam-se mais integrados e grandes diferenças salariais tornam-se mais difíceis de manter”. De acordo com o RDH, índios brasileiros que se deslocavam para outras regiões tinham uma considerável melhora na renda. Apesar disso, o documento destaca que é preciso garantir que as regiões de destino tenham infraestrutura suficiente. O texto cita a construção da Barragem de Tucuruí, no Pará, que tirou de suas regiões cerca de 30 mil indígenas parakanã, asurini e parkateje. Assim como em casos ocorridos na Índia, o RDH alerta para riscos de os indígenas perderem bens, sofrerem com o desemprego, a escravidão para pagamento de dívidas, a fome e a desintegração social.

Em dois meses, mais de 13 mil estrangeiros regularizaram situação no país.

Em cerca de dois meses de atendimento, a Polícia Federal (PF) em São Paulo regularizou a situação de 13.342 estrangeiros com base na Lei 11.961/09, sancionada em julho. A legislação concede o direito à residência provisória aos imigrantes que tenham ingressado em território nacional até 1º de fevereiro deste ano. De acordo com a norma, os estrangeiros terão os mesmos direitos civis e sociais dos cidadãos brasileiros, à exceção de participação em algumas atividades empresariais. Segundo a PF, o número de benefícios concedidos até agora corresponde a aproximadamente 60% das 23.153 solicitações feitas. A superintendência paulista da Polícia Federal é responsável por mais de 80% de toda a demanda nacional. As nacionalidades que mais entraram com o pedido de regularização foram os bolivianos, com 4.992 solicitações, seguidos pelos paraguaios (2.126), chineses (1.861) e peruanos (1.711). Para fazer o requerimento, o estrangeiro deve apresentar um comprovante de entrada no país, uma declaração de que não responde a processo criminal ou de que não tenha sido condenado criminalmente no Brasil ou no exterior e pagar uma taxa para expedição da carteira de identidade de estrangeiro (CIE).

IBGE: mais de 700 mil estrangeiros vivem no país

Atualmente, cerca de 700 mil estrangeiros vivem no país, dos quais 70,3% na Região Sudeste, segundo a Síntese de Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados indicam que, em 2008, o país tinha 19,7 milhões de migrantes – brasileiros que se deslocam entre as regiões dentro do próprio país. Segundo o estudo, o maior grupo nesse contingente foi o de nordestinos, com 10,5 milhões, ou 53,4% do total. O segundo grupo que mais migrou nasceu no Sudeste (20,5% do total de migrantes) e a maioria dirigiu-se para o Centro-Oeste (35,8%). Outra constatação da pesquisa é a de que no Brasil a densidade demográfica média em 2008 era de 22,3 habitantes por quilômetro quadrado. A Região Norte, com 45,2% da área total do país e 8,1% da população, tem apenas 4,0 habitantes por quilômetro quadrado, enquanto a Sudeste, com 42% da população total, tem a maior densidade (86,3 habitantes por quilômetro quadrado). Somente a região metropolitana de São Paulo abriga 19,5 milhões de pessoas, ou 47,9% da população do estado, enquanto a Região Metropolitana do Rio de Janeiro, com 11,5 milhões de pessoas, contabiliza 73,4% dos habitantes do estado.

domingo, 18 de outubro de 2009

Grã-Bretanha barra 7 brasileiros por dia no primeiro trimestre de 2009

Dados divulgados pelo Ministério do Interior da Grã-Bretanha apontam que 645 brasileiros foram barrados ao tentarem entrar no país nos primeiros três meses deste ano. Estes números indicam que, em média, sete brasileiros foram impedidos de entrar todos os dias na Grã-Bretanha no primeiro trimestre de 2009.De acordo com um relatório divulgado na quarta-feira pelo Ministério do Interior britânico, no total, 1.550 brasileiros foram barrados, deportados ou saíram voluntariamente do país no primeiro trimestre deste ano.Esta cifra também inclui 285 casos de deportações e de pessoas que se retiraram do país voluntariamente por meio de programas de estímulo ao retorno; 170 casos de imigrantes ilegais que retornaram com a ajuda da Organização Internacional para a Imigração (OIM); e 450 outros casos de retorno voluntário. Deste total de brasileiros impedidos de entrar no país, deportados ou que se retiraram voluntariamente, a grande maioria (1.085) tinha como destino a própria Grã-Bretanha. Outros 425 seguiam para outros países da União Europeia e 35 seguiam para outros lugares ou tinham destino ignorado pelas autoridades britânicas. O total de brasileiros barrados, deportados, ou que se retiraram voluntariamente da Grã-Bretanha nos três primeiros meses de 2009 é o maior registrado entre todas as nacionalidades no período. O país que teve mais cidadãos barrados nas fronteiras e obrigados a se retirar em seguida, no entanto, foi o Afeganistão, com 1.160 casos registrados. Ainda de acordo com o relatório, no final do mês de março deste ano, dez brasileiros estavam presos na Grã-Bretanha por questões relacionadas apenas à imigração. Em 2008, 605 brasileiros obtiveram a cidadania britânica, seja por meio de casamentos ou por tempo de residência no país. Primeiro lugar Outros dados preliminares sobre o ano de 2008 divulgados no início deste mês apontam que, pelo quinto ano consecutivo, o Brasil ocupou o primeiro lugar na lista dos países com o maior número de cidadãos barrados na Grã-Bretanha.De acordo com o documento, cuja versão final será divulgada em julho ou agosto de 2009, 6.395 brasileiros foram mandados de volta no ano passado. Deste total, 1.340 foram deportados após um período na ilegalidade e 3.985 foram barrados nas fronteiras britânicas e mandados de volta em seguida. A cifra ainda inclui um número de retornos voluntários e de pedidos de asilo negados. Notícias UOL, 21/05/09: BBC Brasil

Brasil é o país com maior número de barrados na Grã-Bretanha

Pelo quinto ano consecutivo, o Brasil ocupa o primeiro lugar na lista dos países com o maior número de cidadãos barrados na Grã-Bretanha em 2008, segundo dados preliminares liberados pelo Ministério do Interior britânico. De acordo com o documento, cuja versão final será divulgada em julho ou agosto de 2009, 6.395 brasileiros foram mandados de volta no ano passado. Deste total, 1.340 foram deportados após um período na ilegalidade e 3.985 foram barrados nas fronteiras britânicas e mandados de volta em seguida. Apesar de ainda encabeçar a lista, os números representam uma queda dramática em relação aos resultados dos anos anteriores. Em 2007, 11,4 mil brasileiros foram expulsos da Grã-Bretanha, entre barrados e imigrantes ilegais removidos. No ano anterior, este total foi de 11,3 mil. Mesmo ocupando o primeiro lugar geral, o Brasil foi ultrapassado pela Nigéria, pela primeira vez desde 2006, no número de imigrantes ilegais deportados. O país africano teve 1.355 cidadãos expulsos da Grã-Bretanha em 2008, enquanto que o número de brasileiros removidos foi de 1.340. A Índia manteve a segunda posição em número de remoções de ilegais e cidadãos barrados em 2008 (5.175), seguida pelo Afeganistão (3.710) e pelo Nigéria (3.600). Tanto a Índia como a Nigéria registraram um aumento no índice de cidadãos deportados da Grã-Bretanha em relação ao ano passado. 'Batidas' A advogada brasileira Vitória Nabas, que atua em Londres na área de imigração, atribui a queda nos números do Brasil à diminuição, no ano passado, de operações realizadas por agentes de imigração nos bairros que concentram grande número de brasileiros. Conhecida como "Brasilândia", a região noroeste de Londres reúne inúmeros estabelecimentos comerciais brasileiros, como salões de beleza, restaurantes, mercados voltados à comunidade e, nos anos anteriores, vinha sendo alvo de inúmeras "batidas". "As batidas estão diminuindo. Antes, o telefone aqui do escritório não parava, tinha gente sendo presa todo dia. Hoje é um por semana", afirmou Nabas à BBC Brasil. Ainda segundo os dados preliminares, a Grã-Bretanha deportou um total de 66.275 imigrantes no ano passado, um aumento de 5% em relação a 2007 (63.365). [notícia enviada por Miriam de Oliveira Santos]
BBC Brasil, 07/05/09: Fernanda Nidecker - Da BBC Brasil em Londres

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Mundo teve 42 milhões de refugiados e deslocados em 2008, diz ONU

Washington, 16 jun (EFE).- O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) registrou 42 milhões de refugiados e deslocados no mundo no ano passado, informou hoje o principal responsável da entidade, António Guterres. Este número inclui 15,2 milhões de refugiados, 827 mil pessoas que buscam asilo e 26 milhões de deslocados internos dentro de seus próprios países por causa de conflitos armados. O principal responsável da ONU para os Refugiados apresentou o relatório anual "Global Trends 2008" em entrevista realizada em Washington. Cerca de 80% dos refugiados são de países em desenvolvimento, que são, por sua vez, os que têm mais deslocados internos. O documento ressalta que, durante 2008, houve uma redução de 700 mil deslocados e refugiados em relação ao ano anterior. No entanto, apesar dessa leve melhora, o Acnur afirma que a queda não compensa os novos deslocados detectados no acumulado do ano. "Em 2009, vimos um número considerável de novos deslocados em Paquistão, Sri Lanka e Somália", afirmou Guterres. Além disso, advertiu de que "enquanto alguns deslocamentos devem ser curtos, outros podem durar anos e inclusive décadas a ser resolvidos". Como exemplo ele citou os casos de Colômbia, Iraque, a República Democrática do Congo e Somália. Guterres explicou que foram detectados 29 grupos diferentes de 25 mil pessoas ou mais refugiados distribuídos em 22 países distintos, que estão no exílio há mais de 5 anos e cujos conflitos não têm uma solução à vista. Fonte: Jornal EFE – http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe http://blog.controversia.com.br/2009/06/19/mundo-teve-42-milhes-de-refugiados-e-deslocados-em-2008-diz-onu/

Cruz Vermelha admite intervenção humanitária no Baixo Congo

A Cruz Vermelha Internacional admite participar numa intervenção humanitária na província do Baixo Congo, República Democrática do Congo, face às atuais expulsões de congoleses e angolanos em ambos os lados da fronteira e relatos de maus-tratos e abusos. “Estamos seguindo muito de perto a situação e estou convencido de que vai haver uma ação por parte de agentes humanitários nos próximos dias”, disse hoje à Lusa, a partir de Kinshasa, o chefe da delegação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Franz Rauchenstein. A sociedade nacional da Cruz Vermelha congolesa participa de uma missão de emergência que se encontra na província para avaliar as necessidades dos deslocados, e que conta com elementos também da Cáritas e de diversas agências das Nações Unidas – para os refugiados (ACNUR), assuntos humanitários (OCHA), migrações (OIM), saúde (OMS), crianças (UNICEF) e desenvolvimento(UNDP). De acordo com o Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) das Nações Unidas em Kinshasa, o número de congoleses no Baixo Congo disparou sobretudo a partir de julho, situando-se atualmente entre 15 mil e 20 mil pessoas. Paralelamente, iniciou-se a expulsão de angolanos do Congo, que está a ser interpretada pelas agências humanitárias como uma medida de retaliação. Rauchenstein afirma que a informação disponível aponta para 2 a 3 mil angolanos expulsos, alegadamente por não terem a sua situação regularizada, mas realça que há 60 mil angolanos na província do Baixo Congo sem papéis de residente. “Portanto há medo de que mais pessoas tenham de sair”, disse à Lusa o responsável da Cruz Vermelha. Salienta ainda a forma “problemática” como está a ser organizada a expulsão destas pessoas. “Primeiro que tudo, há um problema logístico: os serviços básicos não são disponibilizados em termos de saúde, água… Mas também há tensões entre os diferentes cidadãos, que podem ser exacerbadas por forças de segurança que estão a empurrar cidadãos de um lado para o outro da fronteira. Podem ser criadas tensões e distúrbios civis”, afirmou Rauchenstein. Há relatos de violações, que o responsável da Cruz Vermelha não confirma, mas registam-se “problemas de tratamento, que são muito importantes”. “As pessoas nos dois lados da fronteira não são tratadas de modo humano. Há relatos de pilhagem, de maus-tratos, de interrogatórios com métodos agressivos e buscas corporais que nem sempre são feitas de modo correto”, sublinha. Também há problemas no Kasai, sobretudo no afluxo de pessoas do lado angolano para o congolês, mas, sublinha, a situação mais preocupante é a do Baixo Congo. “Estamos seguindo muito de perto o que está acontecendo lá e vamos decidir nos próximos dias se é necessária uma intervenção da nossa parte. Temos estoque médico, alimentos caso fosse necessário, disponível dentro do país e rapidamente”, sublinha Rauchenstein. O mandato da Cruz Vermelha Internacional permite apenas intervir em situações de conflito interno, mas “o problema [no Baixo Congo] está a aproximar-se desse estado”, sublinha. “Se houver uma deterioração da situação e as necessidades humanitárias aumentarem, certamente também interviremos, em coordenação com outros atores das Nações Unidas e organizações não-governamentais”. A intervenção, afirmou, não implicaria a deslocação de meios em outras zonas onde a Cruz Vermelha está envolvida, a cuidar de deslocados internos no Leste e Província Oriental.
Refugees United Brasil, 09/10/09:http://refunitebrasil.wordpress.com/2009/10/09/
cruz-vermelha-admite-intervencao-humanitaria-no-baixo-congo/

Refugiados da RDC continuam a regressar de Angola

O grupo que voltou ao país neste final de semana passou pela fronteira terrestre do Luvo, 60 quilômetros a norte de Mbanza Kongo. Oitenta e cinco refugiados angolanos, que se encontravam residindo na República Democrática do Congo (RDC), regressaram no último fim-de-semana ao país, informou hoje, segunda-feira, em Mbanza Kongo , o diretor provincial em exercício do Ministério da Assistência e Reinserção Social (Minars) no Zaire, Victor Kusonga. Eles voltaram através da fronteira terrestre do Luvo, 60 quilômetros a norte de Mbanza Kongo. O diretor disse que, segundo informações que ele tem, alguns desses angolanos, que vivem há mais de 30 anos na RDC, foram recolhidos e repatriados pelas autoridades migratórias daquele país para o país de origem, informa a Angop. Victor Kusonga informou que para socorrer estes angolanos, o governo provincial, através do Minars, disponibilizou tendas que foram instaladas no antigo centro de acolhimento dos refugiados, localizado no Kiowa, arredores da cidade de Mbanza Kongo. Além de alojamento, acrescentou, a instituição está também prestando assistência alimentar aos refugiados, que nos próximos dias poderão ser transportados para as suas respectivas províncias de origem, designadamente, Uíge, Cabinda, Malanje e Lunda Nnorte. Segundo ele, a situação já é do conhecimento do Minars. Acrescentou que está apenas aguardando que hajam orientações superiores para que os compatriotas sejam transportados para as suas zonas de origem. Com uma superfície de 40 mil 130 quilômetros quadrados, a província do Zaire divide 330 quilômetros de fronteira com a região do Baixo Congo Democrático Blog da Comunidade Ango-Congolesa no Brasil, 07/10/09: http://cacbbr.blogspot.com/2009/10/refugiados-da-rdc-continuam-regressar.html

Bolívia sente impacto da crise com queda em remessas do exterior

Envio de dinheiro por bolivianos que vivem fora do país cai quase 10% e afeta economia local. Da BBC Mundo em La Paz - A piora na situação econômica de países como a Espanha e os Estados Unidos está tendo efeitos na vida financeira das famílias bolivianas, que passaram a receber menos recursos de parentes que vivem no exterior. Segundo o Banco Central da Bolívia (BCB), as remessas para o país de bolivianos no exterior caíram 9,2% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Analistas dizem que este dado afetará mais o consumo das classes média e baixa. Indiferente à frieza dos números, o agricultor Carlos Kochnke conta que sua filha, que vive há sete anos na Espanha, tem reduzido a frequência de envio de dinheiro porque "a situação se agravou" no país. A filha, Patrícia, agora envia recursos a cada dois, três ou quatro meses. Mas Kochnke diz que não se importa porque avalia que, mesmo assim, "ela está melhor lá (na Espanha) do que na Bolívia". Para buscar o dinheiro, o agricultor viaja 14 horas de Apolo, onde vive, até a capital boliviana, La Paz. Ele diz que cada remessa de Patrícia é poupada até permitir que ele compre uma vaca, posteriormente revendida em troca de algum lucro. Curva descendente Segundo o BC boliviano, o maior quinhão de remessas enviadas de fora do país chega da Espanha (40% do total), seguida por Estados Unidos (22%) e Argentina (17%). Em 2007, as remessas para a Bolívia alcançaram pouco mais de US$ 1 bilhão, subindo no ano seguinte para se aproximar de US$ 1,1 bilhão. A trajetória descendente começou a ser observada no último trimestre de 2008, quando houve uma queda de 5% nas remessas em relação ao mesmo período do ano anterior. Mas o maior impacto está sendo sentido neste ano. Durante o primeiro trimestre de 2008, o país recebeu de bolivianos no exterior o valor de US$ 260 milhões - no mesmo período deste ano, o valor foi de US$ 236 milhões, uma queda de 9,2%. Nos últimos anos, as remessas vêm representando em torno de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) da Bolívia, quase duas vezes mais que o valor dos investimentos estrangeiros diretos (IED). O analista do Instituto Boliviano de Comércio Exterior (IBCE) Gary Rodríguez disse à BBC Mundo que, ao longo de 2009, a diminuição nas remessas pode significar a perda de US$ 250 milhões a US$ 300 milhões. Rodríguez ressalvou, entretanto, que ainda é difícil fazer uma projeção do impacto da queda das remessas no PIB boliviano, porque ainda não se sabe ao certo qual será o ritmo de crescimento econômico. Impacto no consumo Mas, por ora, o governo do presidente Evo Morales tem procurado diminuir a importância do tema. O ministro de Economia e Finanças, Luís Arce, disse que "felizmente, a economia boliviana não é dependente de remessas" e que a situação vai melhorar nos próximos meses. Embora, a rigor, isso seja verdade, o certo é que, por outro lado, os recursos têm um impacto direto sobre o consumo dos bolivianos. "Cerca de 80% das remessas são destinados para consumo, e isso tende a diminuir", afirma o analista Roberto Orihuela, do Centro de Estudos Econômicos em Santa Cruz. Segundo Orihuela, as remessas são destinadas a financiar gastos com alimentação, habitação, educação, vestuário e entretenimento. A situação se torna ainda mais grave diante da valorização do peso boliviano em relação ao euro. Orihuela lembra que, há dois anos, cada euro comprava 11 pesos na Bolívia; hoje, a proporção é de 9 para 1, o que reduz o valor das remessas dos bolivianos que vivem fora do país.

África busca refugio en Argentina

Las solicitudes de asilo, la mitad procedentes de países africanos, suben un 142% por la flexibilidad de las leyes Mazamba vende joyas baratas en las calles de Once, el barrio más cosmopolita y densamente poblado de Buenos Aires, y dice que vino de Costa de Marfil porque allí vio cómo hombres armados entraban en su casa y masacraban a su familia. Es joven y ha pedido asilo en Argentina, un país donde se ha disparado la cantidad de solicitudes de refugio en los últimos dos años. Argentina está lejos de ser uno de los países con más asilados (sólo 3.172, frente a un millón en Pakistán), pero su lejanía con respecto a los países afectados por la violencia política, racial o religiosa no ha impedido que entre 2006 y 2008 el número de peticiones de refugio subiera de 355 a 859, un 142%, según la Comisión Nacional de Refugiados. Más de la mitad de las personas que buscaron asilarse en Argentina provino de África. Muchos se cuelan en barcos de cargas o cruceros de turistas, algunos sin saber adónde se dirigen. Los senegaleses integraron el principal colectivo de demandantes, seguido por los colombianos. También llegaron otros de Sierra Leona, Nigeria y Costa de Marfil. En algunos países de origen hay guerras o guerrillas en todo su territorio o en alguna región específica. Algunos de los solicitantes africanos eligen deliberadamente Argentina o Brasil. Carolina Podestá, portavoz de la oficina del Alto Comisionado de Naciones Unidos para los Refugiados (ACNUR) para el sur de Latinoamérica, explica que llegan hasta estas latitudes ante las dificultades para refugiarse en la Unión Europea y en EE UU. Podestá añade que los interesados esgrimen cuestiones de seguridad o leyes migratorias para restringir los asilos. De hecho, Amnistía Internacional advirtió durante el último Día del Refugiado, el pasado 20 de junio, que las personas que "arriesgan su vida para encontrar seguridad lo único que se encuentran al llegar a Europa es que las devuelven", según la directora del Programa para Europa y Asia Central de la organización, Nicola Duckworth. Noruega y otros países europeos, que dicen que ya no pueden recibir más asilados, están financiando a Gobiernos del mundo desarrollado para que los acojan. Los refugiados africanos, que no migran por una cuestión económica sino porque sufren persecución en su tierra de origen, escogen Argentina y Brasil porque consideran que estos países ofrecen leyes migratorias flexibles, legislación específica para los asilados, ciertas posibilidades económicas, ausencia de conflictos bélicos y lejanía con respecto de donde se escapan. A veces los eligen como vía de escape transitoria hacia otro destino. ACNUR vaticina que irá aumentando la cantidad de solicitudes de asilo en Argentina, que en 2006, durante el Gobierno de Néstor Kirchner, sancionó una ley general de reconocimiento y protección al refugiado. De cada cuatro solicitudes de refugio en Argentina, tres son de varones y una de mujer. El 19% es menor de 21 años, que es la mayoría de edad para la legislación argentina. De los 2.879 extranjeros que ya consiguieron el asilo, el 22% son peruanos (huyeron de Sendero Luminoso o eran perseguidos por las autoridades bajo la sospecha de pertenecer a esa guerrilla), el 11% son cubanos, el 5% son chilenos (llegaron en los años 80 huyendo de Pinochet) y otros tantos, colombianos. Además, hay armenios, rumanos y rusos, que llegaron en los 90 tras la caída del comunismo, y otros de Senegal, Sierra Leona y Liberia, que comenzaron a llegar también en la década pasada. Algunos refugiados africanos llegan en barcos mezclados con otros inmigrantes, que no se marcharon por motivos políticos, raciales o religiosos sino económicos, con lo que a veces se vuelve difícil para las autoridades argentinas distinguir entre unos y otros. En ciertos casos son víctimas de redes de trata de personas. Lo primero que hace el Gobierno es darle una residencia precaria con la que puede trabajar y acceder a servicios básicos, mientras se analiza su solicitud durante alrededor de un año. ACNUR asiste al Gobierno argentino y a su vez trabaja en la protección e integración de los refugiados con una organización católica, otra judía y la Fundación Myrar. Los africanos son una rareza en Argentina, suelen ser gregarios y solidarios entre ellos (comparten comidas, películas y habitaciones hacinadas en pensiones), son tímidos y amables, y en su mayoría mantienen la fe islámica. Vendiendo joyas en Once se entremezcan com judíos ortodoxos, surcoreanos, peruanos y argentinos en general. En Chile, donde se está discutiendo una ley para los refugiados, también se ha registrado un fuerte aumento de peticiones. La mayoría proviene de Colombia, pero también se ha asentado allí un centenar de palestinos que huyeron de Irak y que encontraron una buena acogida en el amplio colectivo de descendientes palestinos en Chile. A pesar de todo, Latinoamérica sigue sin aparecer entre las regiones que acogen a la mayoría de los 32 millones de refugiados, solicitantes de asilo, desplazados internos, repatriados y apátridas que proliferan por el mundo. La mayoría está en Pakistán, Irán, EE UU, Siria, Alemania, Jordania, Tanzania, Reino Unido, China y Chad. El Pais (Espanha), 19/07/09:http://www.elpais.com/articulo/internacional/Africa/
busca/refugio/Argentina/elpepuint/20090719elpepuint_2/Tes

Cada vez más africanos se refugian en la Argentina

El aumento de se dio entre 2006 y 2008. El número de peticiones de residencia subió de 355 a 859, un 142%, según la Comisión Nacional de Refugiados. Más de la mitad de las personas que buscaron asilarse en el país vino de África Los senegaleses integraron el principal colectivo de demandantes, seguido por los colombianos. También llegaron al país otros de Sierra Leona, Nigeria y Costa de Marfil. Los refugiados se asilan en Argentina porque en sus tierras hay guerras o guerrillas. Algunos de los solicitantes africanos eligen deliberadamente Argentina o Brasil, sin saber a ciencia cierta qué destino elegirán. La portavoz de la oficina del Alto Comisionado de Naciones Unidos para los Refugiados (ACNUR) para el sur de Latinoamérica, Carolina Podestá, explica que llegan hasta estas latitudes ante las dificultades para refugiarse en la Unión Europea y en EE UU. Añade que los interesados esgrimen cuestiones de seguridad o leyes migratorias para restringir los asilos. De hecho, Amnistía Internacional advirtió durante el último Día del Refugiado, el pasado 20 de junio, que las personas que "arriesgan su vida para encontrar seguridad lo único que se encuentran al llegar a Europa es que las devuelven", según la directora del Programa para Europa y Asia Central de la organización, Nicola Duckworth. Noruega y otros países europeos, que dicen que ya no pueden recibir más asilados, están financiando a Gobiernos del mundo desarrollado para que los acojan. De cada cuatro solicitudes de refugio en Argentina, tres son de varones y una de mujer. El 19% es menor de 21 años, que es la mayoría de edad para la legislación argentina. De los 2.879 extranjeros que ya consiguieron el asilo, el 22% son peruanos (huyeron de Sendero Luminoso o eran perseguidos por las autoridades bajo la sospecha de pertenecer a esa guerrilla), el 11% son cubanos, el 5% son chilenos (llegaron en los años 80 huyendo de Pinochet) y otros tantos, colombianos. Además, hay armenios, rumanos y rusos, que llegaron en los 90 tras la caída del comunismo, y otros de Senegal, Sierra Leona y Liberia, que comenzaron a llegar también en la década pasada.Sin embargo, Argentina está lejos de ser uno de los países con más asilados ya que sólo tiene 3.172, frente a un millón en Pakistán, pero su lejanía con respecto a los países afectados por la violencia política, racial o religiosa haces que sea uno de los destinos más elegidos en los últimos años.

Viven en el exterior 800.000 argentinos

Emigración de la última década / Los que huyeron de la crisis de 2001 Equivale a la población de Santiago del Estero; según datos internacionales, en 2007 enviaron al país remesas por US$ 920 millones Más de 800.000 argentinos se fueron del país a partir de la crisis económica de 2001, según un informe que difundió ayer la Organización Internacional para las Migraciones (OIM). Significa que, durante la ola emigratoria de la última década, partió el 2,1 por ciento de la población, señala el documento del organismo internacional, llamado "Perfil Migratorio de la Argentina". Para hacerse una idea, 800.000 personas es como decir que todos los habitantes de la provincia de Santiago del Estero se hubieran mudado fronteras afuera. "Se trata, sin dudas, de la mayor ola emigratoria de los últimos cien años", confirma la demógrafa Susana Novick, investigadora del Conicet y del Instituto Gino Germani, autora del libro Norte-Sur, estudios sobre la emigración reciente de argentinos , publicado por la Universidad de Buenos Aires en 2007. Un dato significativo: se estima que a principios del siglo XX vinieron al país unos 4,2 millones de emigrantes de países como Italia, España y Francia, entre otros, y que la mitad de ellos, después de algunos años, retornó al Viejo Continente. Se calcula que quedaron aquí unos 2,2 millones de europeos. El éxodo de argentinos representa hoy casi un tercio de los que vinieron a principios de siglo. El informe se elaboró a partir de datos de 2008 del Banco Mundial sobre el país, los que le fueron remitidos por el gobierno argentino. Las cifras no tienen en cuenta la cantidad de argentinos que retornaron en los últimos meses como consecuencia de la crisis económica global que castigó con fuerza a países como España, Italia y los Estados Unidos. "El volumen de argentinos que emigraron no es tan relevante en cuanto a cantidad como en calidad. La población que se fue es principalmente joven, profesional y en edad productiva y reproductiva. Esto tiene un impacto social y económico significativo", dijo Novick a LA NACION. El informe destaca el incremento que ha tenido en la economía nacional el envío de remesas, mediante giros bancarios, por parte de argentinos que trabajan en el exterior. "Si se observa la evolución de esas remesas, registrada en el período 2001-2007, se advierte un incremento de un 900% en el volumen enviado por los emigrantes argentinos. El monto pasó de 100 millones de dólares en 2001 a US$ 920 millones en 2007", señala el documento. En la Argentina, esta cifra significa el 0,4%del PBI. Los principales países desde donde los migrantes argentinos emitieron dichas remesas son España (30,4%), EE.UU. (22,3%), Chile (6%), Paraguay (5,9%), Israel (5,4%), Bolivia (3,5%), Brasil (2,5%), Uruguay (2,3%) y Canadá (2,1 por ciento). Como contrapartida, la fuga de cerebros impactó negativamente en la economía local: "El sector privado trata de afrontar la coyuntura mediante la capacitación de personal y la contratación de mano de obra que pueda ser reconvertida. Algunas empresas, de capitales extranjeros o pertenecientes a grupos empresariales que operan en distintas regiones del mundo han recurrido a políticas de rotación interna del personal, de modo tal de satisfacer las necesidades. No obstante, ello no ha podido resolver la situación de escasez de recursos humanos calificados que muestran hoy algunos sectores de la economía", apunta el documento y agrega: "La demanda de trabajo insatisfecha observada en distintas ramas de la actividad productiva está presionando sobre los sectores públicos y privados, obligándolos a que articulen esfuerzos y mecanismos en pos de generar, mediante la formación profesional, la recalificación laboral." 806.369 Destinos de los argentinos : España (229.009), EE.UU. (144.023), Paraguay (61.649), Chile (59.637), Israel (43.718) e Italia (11.576). 920 Millones de dólares: Son las remesas enviadas por argentinos que viven en el exterior. Representan el 0,4% del PBI
Evangelina Himitian LA NACION La Nacion (Buenos Aires), 12/08/09:http://www.lanacion.com.ar/nota.asp?nota_id=1161369

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Roma abriga o maior número de sem-teto na Itália

A cidade de Roma é o município italiano com o maior número de sem-teto, cerca de seis mil, é o que apontam dados divulgados hoje pela Caritas Italiana e pela Comunidade de Sant’Egidio, organização de evangelização e caridade da Igreja Católica. Em toda a Itália são 17 mil pessoas sem moradia fixa, das quais cinco mil estão em Milão e duas mil em Turim. Também há números significativos de sem-tetos em Nápoles, Florença e Bolonha. Dos sem-teto de Roma, dos quais 60% são estrangeiros, quatro mil dormem nas ruas, mil estão em abrigos noturnos ou associações de voluntários e outros mil ocupam abrigos improvisados, como edifícios abandonados e barracas. A parcela de estrangeiros vem principalmente da Europa Oriental e do Afeganistão ou são refugiados, mas o número de italianos está crescendo levemente desde o último ano. De acordo com a pesquisa, entre os italianos que procuram as refeições fornecidas pela Comunidade de Sant’Egidio em Roma, a idade média, de cerca de 44 anos, também está aumentando. Segundo dados nacionais, 50% dos sem-teto declaram viver na rua há mais de quatro anos e 18,7% vêm de situações de desintegração familiar; 20% são alcoólatras, 15% dependentes químicos e 15% têm problemas psicológicos.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Migrantes ajudam mais que países ricos

Remessas de dinheiro feitas por emigrantes para seus países de origem são quatro vezes maiores que ajuda oficial ao desenvolvimentoMaiores beneficiários de remessas de divisas são países de médio e alto IDH, e não os mais pobres, que têm taxa de emigração menorA Safaricom, companhia de telefones celulares do Quênia, ganha dinheiro facilitando a vida de famílias que têm parentes no exterior ou em cidades distantes. Por meio do serviço Mobile-Cash, lançado há dois anos, seus agentes distribuem aos usuários da empresa dinheiro depositado, por celular, pelos emigrantes. O bem-sucedido negócio é contado pelo Pnud (Programa da ONU para o Desenvolvimento) no capítulo do relatório sobre migrações que analisa a importância das remessas para os países em desenvolvimento. Segundo o relatório, o valor total desses envios equivaleu em 2007 a quatro vezes a ajuda oficial ao desenvolvimento, desembolsada principalmente pelos países mais ricos. Na América Latina e no Caribe, as remessas equivaleram a 60% da soma da ajuda internacional e dos investimentos diretos. Em 2008, as remessas totalizaram US$ 308 bilhões, mas, por causa da crise econômica, devem cair neste ano para US$ 293 bilhões. O Pnud não recomenda que governos contem com as remessas em seus projetos de desenvolvimento, mas reconhece sua importância permanente em países com menos de 1,5 milhão de habitantes, que têm a mais alta taxa de emigração em relação ao total da população, de em média 18,4%, contra a média mundial de 3%. Entre os países que hoje mais dependem de remessas de emigrantes estão Egito, Bangladesh, El Salvador e Filipinas. Os recordistas são Moldova (leste da Europa) e Tadjiquistão (Ásia Central), onde as remessas correspondem respectivamente a 45% e 38% do PIB (Produto Interno Bruto). Custo e pobreza Os envios contribuem, entre outras coisas, para aumentar a escolaridade dos filhos de emigrados que ficam no país de origem. Mas uma das ironias apontadas pelo Pnud é que as populações dos 23 países classificados como de baixo desenvolvimento humano, a maioria na África, não são as principais beneficiadas pelas remessas. Isso acontece porque emigrar custa caro, e a maioria dos que tentam a sorte no exterior sai dos países de médio e alto desenvolvimento -80% deles para destinos com posição superior no ranking do IDH, mesmo que na mesma categoria. A taxa de emigração nos países de baixo desenvolvimento humano é de 4%, contra 8% nos 44 países de alto desenvolvimento humano. No paupérrimo Congo, por exemplo, um passaporte pode custar até US$ 500 em propinas, o dobro do PIB per capita (em poder de paridade de compra). Ir do Vietnã, país de médio desenvolvimento, para o Japão, pode custar o equivalente a seis anos e cinco meses de salário médio. Da Colômbia, país de alto desenvolvimento humano, para a Espanha, um ano e oito meses. Golfo e exploração O relatório do Pnud confirma que os imigrantes menos qualificados são também os que mais sofrem abusos. Nos seis países petrolíferos do Conselho de Cooperação do Golfo [Pérsico], por exemplo, os estrangeiros chegam hoje a 38,6% da população. São na maioria operários ou trabalhadores domésticos vindos sem a família de países como Filipinas, Indonésia e Paquistão. Sob o sistema chamado de "kafala", o empregador é legalmente responsável por eles e pode determinar sua expulsão se julgar que violaram o contrato. (CA)

Migração entre países emergentes é maior

Relatório da ONU aponta que 50% dos emigrantes do mundo trocaram um país em desenvolvimento por outro em igual situação. Estudo aponta barreiras à mobilidade; proporção de imigrantes na população mundial hoje é a mesma que há 50 anos -cerca de 3% Metade das pessoas que emigram no mundo se movimenta entre países em desenvolvimento, mais do que os 37% que vão de nações em desenvolvimento para países desenvolvidos. Dez por cento mudam-se de um país desenvolvido para outro. Essas são algumas das informações com que o Pnud (Programa da ONU para o Desenvolvimento) pretende "desafiar estereótipos" ao divulgar hoje o relatório "Ultrapassar barreiras: mobilidade e desenvolvimento humano". O relatório faz veemente defesa da mobilidade como uma das liberdades fundamentais e do movimento humano como "exercício dessa liberdade". Ele é o 19º inspirado no conceito de desenvolvimento como expansão da capacidade de exercer a liberdade, criado pelos economistas Amartya Sen, indiano, e Mahbub ul Haq (1934-1998), paquistanês. O Pnud chama atenção para as barreiras políticas, econômicas e burocráticas que mantêm em cerca de 3% a proporção de emigrantes no total da população mundial, nível semelhante ao de 50 anos atrás, antes da mundialização financeira, da última onda de liberalização comercial e do fim do bloco soviético. O relatório reconhece que cerca da metade dos estimados 214 milhões de imigrantes -dos quais cerca de 50 milhões em situação irregular - vive hoje no mundo desenvolvido.Esse universo compreende os 38 países e regiões classificados como de "desenvolvimento humano muito alto", que incluem EUA, Canadá e Europa Ocidental, mas também Correia do Sul, Hong Kong, nações do golfo Pérsico, da Oceania e dois países do Leste Europeu. Nos EUA, por exemplo, a fatia de imigrantes no total da população aumentou 112% desde 1960, para 14,2%, enquanto na Europa ela cresceu 177%, para 9,7%. Mas o Pnud chama atenção para o peso da reunificação familiar nesse crescimento -corresponde a 70% do fluxo para os EUA- e para as diferenças entre os dois destinos. Enquanto os EUA passaram a receber, a partir da crise da dívida, nos anos 80, enorme contingente da América Latina e do Caribe, na Europa a maior fatia de imigrantes vem do próprio continente. Esse movimento se acelerou a partir de 2004 com a adesão à União Européia -que passou de 15 para 27 membros- dos países do antigo bloco soviético. O contingente de imigrantes das ex-colônias na África equivale a 23% dos imigrantes de origem européia. O de latino-americanos, a menos de 10%.Como notou Francisco Rodríguez, chefe da equipe de pesquisas do relatório, em entrevista à Folha, a maior parte do movimento emigratório ocorre dentro das regiões -63% dos africanos que emigram vão para a própria África, proporção que é de 65% na Ásia e de 69% na Europa. América Latina e Caribe são exceções-apenas 13% dos emigrantes mudam-se para outro país da região. Isso não significa, ressaltou o pesquisador, que imigrantes dentro da África ou da Ásia (que inclui o Oriente Médio) sejam mais bem tratados do que se fossem para um país do Norte geopolítico. Alguns dos casos mais graves de desrespeito aos direitos de residentes estrangeiros foram relatados em países como Malásia, África do Sul e os Estados petrolíferos do Conselho de Cooperação do Golfo, crescentes importadores de mão de obra. O Mercosul, em contraste, é citado como bom exemplo de liberdade de movimento. O relatório do Pnud também calculou, pela primeira vez, o contingente de migrantes internos: 740 milhões de pessoas. E chama atenção para que um terço dos países ainda impõe algum tipo de restrição a esse movimento, incluindo Belarus, China, Mongólia e Vietnã. O documento defende as migrações internas como fator primordial de equalização de renda e acesso a serviços de a saúde e educação.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Duzentos mil deixam campo rumo à cidade a cada dia no mundo

Urbanização acelerada gera desigualdade de renda, poluição, discriminação e desastres, diz relatório das Nações Unidas África e Ásia são as regiões mais afetadas, provocando um aumento da população favelada no mundo; no Brasil, 29% vivem em favelas É um desastre com números apocalípticos. Todo dia 200 mil pessoas deixam o campo e vão para as cidades. É como se um município do tamanho de São Carlos (SP) fosse criado diariamente no mundo. No fim do mês, o resultado desse movimento cria uma cidade do porte do Rio de Janeiro ou de Santiago, com 6 milhões de habitantes. Os dados são do relatório das Nações Unidas-Habitat, divulgado ontem, com o tema "Planejando Cidades Sustentáveis". A urbanização acelerada do século 21 gera desigualdade de renda, discriminação, poluição e desastres que pouco têm de naturais, segundo a seção da ONU voltada para a questão da moradia. "A urbanização modifica o ambiente e gera novas ameaças, como o desmatamento e instabilidade nas encostas, que resultam em deslizamentos e enchentes", diz o texto. Desde 1975, o número de desastres naturais cresceu quatro vezes, segundo a ONU.África e Ásia são as regiões mais afetadas pela urbanização acelerada, de acordo com o relatório, provocando um aumento da população favelada no mundo. Na África subsaariana, 62,2% dos moradores vivem em favelas. Em Serra Leoa, os que vivem em moradas informais compõem 97% da população do país. Na Ásia, os números são mais contrastados. No Camboja, por exemplo, os favelados correspondem a mais de três quartos da população (78,9%). Já na Tailândia, eles somam cerca de um quarto da população (26%). A América Latina segue em parte a variação asiática. Enquanto o Chile tem só 9% de população em habitações informais, na Jamaica os favelados são mais de 60%. O Brasil fica no meio do caminho: tem 29% da população vivendo em favelas, segundo os dados da ONU. Para Alberto Paranhos, oficial principal do escritório regional da ONU para a América Latina e o Caribe, o relatório oferece aos administradores públicos um recado: "Ele diz: "Na hora de planejarem uma cidade, tratem de ver especificamente habitação, transporte e emprego, pois essas são as coisas que vão definir quem fica onde". Uma pessoa se muda de cidade geralmente por conta de trabalho e se instala na cidade em função da oferta de habitação e de transporte", afirma. Para Raquel Rolnik, professora da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) da USP e relatora da ONU para a questão do direito à moradia adequada, o problema principal é a relação entre pobreza e a gestão do território. "O planejamento urbano não leva em conta a população mais pobre. Todas as áreas planejadas são voltadas para o mercado imobiliário e para a classe média", afirma. O Brasil vive uma situação melhor do que a África e a Ásia, segundo ela, porque reconhece o direito à infraestrutura urbana daqueles que ocupam irregularmente um terreno. "O Brasil é vanguarda nessa área", diz. O maior desafio brasileiro, segundo ela, é "como parar a máquina de ocupação territorial irregular, já que urbanização de favela fica ruim". O governo brasileiro criou o programa Minha Casa, Minha Vida, cuja meta é construir 1 milhão de casas com investimento de R$ 34 bilhões. "Esse programa tem o grande risco de criar guetos nas áreas mais pobres das cidades. Vão criar casas de pobres na "não cidade", onde não há infraestrutura. Existem ferramentas para evitar isso, mas o governo resiste a usá-las", diz Rolnik.A secretária nacional de habitação do Ministério das Cidades, Inês Magalhães, diz que o risco não existe porque o programa só irá financiar imóveis em área com infraestrutura.
MARIO CESAR CARVALHO DA REPORTAGEM LOCAL
FÁBIO GRELLET DA SUCURSAL DO RIO Folha de S.Paulo/ MUNDO/ 06 de outubro de 2009

domingo, 4 de outubro de 2009

NOTÍCIAS DO JAPÃO

A) Assembléia da CAPB (Comissão de Agentes de Pastoral Brasileira) Como acontece todos os anos os missionários e missionárias que trabalham em comunidades com migrantes brasileiros se reuniram em assembléia de 8 a 10 de setembro na localidade de Takarazuka, nas proximidades de Osaka. Neste ano tivemos a alegria de acolher alguns missionários recém-chegados, como Padre Osmar Padovan,Padre Aparecido Maciel Donizete e irmã Eunice. Contudo além de alguns que já retornaram ao Brasil, como as irmãs Kazuko e Theodora, Padre Evaristo Higa,agora é a vez do padre Zeca nos deixar. Significa que o quadro precisa de reforço e renovação. Que venham os valentes. A messe é grande. Desta vez tivemos a oportunidade de refletir sobre alguns tópicos significativos da Introdução Pastoral “Erga Migrantes, caritas Christi,” relacionados com a situação dos migrantes no Japão. Como não podia deixar de ser, nossa atenção voltou-se também para a crise econômica mundial e seus efeitos sobre as comunidades. Ao mesmo tempo que constatamos sofrimentos nas famílias e comunidades, notamos maravilhosos testemunhos de solidariedade, fraternidade, doação e desprendimento de muitos migrantes indo ao encontro dos desempregados. B) Brasileiros e a crise e alguns programas de governos no Japão. Calcula-se que aproximadamente 54.400 brasileiros tenham retornado ao Brasil por causa da crise econômica. As manchetes continuam a aparecer nos jornais, mais ou menos assim: “Governo do Japão ajuda brasileiros que desejam retornar ao Brasil”; “Prefeituras aumentam a ajuda aos migrantes desempregados”. Cuidado! Essa generosidade pode significar algo bem trágico. O Japão que abriu as portas aos trabalhadores brasileiros, que abriu as portas para virem trabalhar aqui, parece ter formas sutis para fazer com que os desempregados deixem o país. Vejamos como funciona: 1- No Província de Gifu, o governo local disponibilizou até 700.000 yens(USD 7.000,00 aproximadamente) por família que desejasse retornar ao Brasil, com o compromisso de iniciar a devolução depois de três meses do retorno, com um prazo de três anos, ficando aberta a possibilidade de voltar. É fácil entender estar o governo consciente da falta de condições de uma pessoa desempregada reembolsar a importância. A inadimplência será impedimento para que um novo visto seja emitido para quem for embora nessas condições. 2- O governo federal também quer ajudar os brasileiros desempregados para que voltem ao Brasil. Oferece 300.000 yens(aproximadamente USD 3.000,00), sem compromisso de devolver, sob a condição de cancelamento do visto de residência dos adultos e das crianças, sem dizer como poderiam reaver um novo visto no caso de querer retornar ao Japão depois de três anos de ter saído do país. Este programa está sendo considerado uma deportação disfarçada. 3- O Governo to Japão tem o “auxílio-subsistência” para apoiar famílias de desempregados, sejam eles japoneses ou não. Nas Províncias de Aichi e Shizuoka, esse auxílio está sendo transformado em uma armadilha para os estrangeiros. Os funcionários dos governos provinciais condicionam o repasse da ajuda ao compromisso de que o migrante brasileiro ou peruano solicite a ajuda de 300.000 yens do governo federal para ir embora, renunciando ao visto de residência. Não é condição essencial para receber a ajuda, mas a tentativa é fazer pressão ou chantagem para que os trabalhadores desempregados abandonem o Japão. Os migrantes, nessas condições se sentem muito mal-reconhecidos e injustiçados pois sua força de trabalho foi requisitada para vir ao Japão manter a economia do país em alta no tempo da famosa “bolha econômica”. Agora que a crise afeta especialmente os setores industriais, governo, empresários e empreiteiras de mão-de-obra, querem se desfazer deles de forma sutil, mas real.
Missionário Padre Olmes Milani (cs)Tóquio- Japão, dia 23 de setembro de 2009.