Ministro João Baptista Kussumua falou com os repatriados no seu regresso a casa e encorajou-os a terem esperança no futuro (Foto: Garcia Mayatoko)
Recomeçar a vida no país de origem é o desejo dos primeiros 252 angolanos regressados da República Democrática do Congo (RDC), onde viviam na condição de refugiados há longos anos. Munidos dos seus haveres, chegaram ao centro de recepção Mamã Rosa na comuna do Luvo, Mbanza Congo, numa caravana de 10 veículos, entre carros e caminhões.
O centro de recepção Mamã Rosa, situado na comuna fronteiriça do Luvo, a cerca de 62 quilômetros da cidade de M’banza Congo, província do Zaire, passa a receber todas as sextas-feiras 390 angolanos, dos 43 mil cidadãos que manifestaram vontade de regressar ao país, no quadro do repatriamento voluntário e organizado.
António Sebastião, 71 anos, pai de 13 filhos, refugiou-se na RDC em 1999, devido à guerra. Enfrentou as dificuldades decorrentes do processo de adaptação e conseguiu o primeiro emprego, que surgiu graças a uma formação promovida por uma Organização Não-Governamental francesa, a Agrecild, vocacionada para o ensino de técnicas de cultivo da cebola aos refugiados, com o propósito de reduzir a fome e a pobreza no seu seio.
“Nunca tive oportunidade de trabalhar numa fábrica. Existem muitas pessoas formadas na RDC, mas sem emprego. Por isso, a única oportunidade que tivemos foi trabalhar no setor agrícola”, disse António Sebastião, acrescentando que durante os 12 anos de exílio eram sujeitos ao arrendamento dos campos para o cultivo da cebola, uma cultura que leva apenas três meses para ser colhida e proporcionava, a par da mandioca, que dura seis meses, os rendimentos necessários para o sustento da família.
“Se não fosse a agricultura, a vida na RDC era mais complicada”, sublinhou António Sebastião que, apesar da idade, espera uma oportunidade para participar no processo de desenvolvimento do país, emprestando o seu saber na agricultura, um setor que constitui a grande aposta do Executivo angolano no quadro das suas políticas de diversificação da economia.
http://refunitebrasil.wordpress.com/2011/11/07/reconstrucao-mobiliza-angolanos-repatriados/